XX - Movie Night [RP FECHADA]

Local: Casa da August
Horário: 6:20 PM
Clima: Fresco, com uma leve brisa.

Descrição: Era uma tarde fresca de primavera, as flores já haviam saído, e a cada dia que passava o clima ficava mais quente se preparando para o verão. August havia chamado Margaret para passar a noite na sua casa, na intenção de animar a menina, que mesmo que já estivesse conseguindo superar a morte do amigo ainda se via desanimada às vezes, como naquela manhã.

Parecia uma doida correndo apressada de lá pra cá, para que tudo estivesse perfeito quando ela chegasse. Dharinha e Cygnus estavam ocupados com o final do ano letivo em Hogwarts, o que significava que a casa era toda minha pra bagunçar, e bagunça era o que definia meu quarto naquele momento, mas era uma bagunça boa: havia uma cama no meio de muitos travesseiros e pufes fofinhos, pisca piscas flutuantes brilhavam levemente e o quarto inteiro estava iluminado num tom arroxeado. Uma garrafa de vinho já estava pela metade na cabeceira da cama - quem seria eu se não tivesse sido Marg a me ensinar a beber quando ainda estávamos no sétimo ano? Uma August largada ao chão, à essa altura -, e despejei chips e pipoca em bows, os preferidos dela. Meu notebook estava carregado e os muitos doces já estavam à disposição. A bagunça de verdade foi varrida pra debaixo da cama, e não via nem vovó nem Sirius em vista; bingo!

Quando a campainha tilintou, desci as escadas de três em três degraus quase capotando, abrindo a porta num rompante — MargariDAAAAAAAAA — a envolvi nos braços e girei destrambelhada, a erguendo alguns milímetros do chão. Enfiei minha cara no pescoço da morena, sentindo o cheirinho doce do shampoo que ela usava desde sempre e repentinamente me sentindo quentinha, como sempre me sentia quando ela tava por perto.

Éramos melhores amigas desde o primeiro ano de Hogwarts. Ela é a única que entendia todas as minhas doideiras, e também a única que me acompanhava em todas elas, sem me deixar na mão numa ocasião sequer. Desde às festas clandestinas até as detenções por colocar vomitilhas no chá do professor mala de herbologia - absolutamente tudo. Depois conhecemos Gael, e ele virou parte do nosso trio superpoderoso. Sorri tristemente; ele fazia falta, e desde que partiu eu tentava honrar sua memória, fazendo exatamente o que ele gostaria que eu fizesse: não ficando triste e comemorando o que ele foi em vida. E era isso o que estava a fazer, comemorando em casa, já que as festas e baladinhas que costumávamos ir estavam temporariamente fechadas por conta dos ataques recentes. Estremeci levemente, mas não disse nada; sabia o quanto Marg estava abalada com tudo isso e, juro, eu faria qualquer coisa pra ver ela sorrir de verdade de novo.

Com um balanço de varinha a porta se fechou e as trancas estalaram, enquanto eu entrelaçava minha mão à sua e a puxava correndo escada acima, animada — Adivinha o que eu fiz? — dei uma voltinha em meu shorts e blusão largo numa dancinha alegre, indicando com a cabeça pro prato com cookies de gotas de chocolate quentinhos - a vovó tinha que me ensinar algo de útil além de beber vodka sem passar mal, afinal - em cima da cama e sorrindo orgulhosa — Não queimei dessa vez, eu juro — pelo menos não a terceira fornada…

Me joguei sentada de pernas abertas na cama, prendendo meus cachos num coque folgadinho enquanto resfolegava pela corrida nas escadas. A observei; suas bochechas estavam vermelhas, acho que da afobação momentânea, e não consegui conter um sorriso meio bobo, meio torto, sentindo uns pulinhos meio doidos na boca do estômago — Como você está?

ㅤ— Estou ótima, mesmo tendo uma melhor amiga que aparentemente ama zoar com minhas não tão habilidades culinárias. — sentia o olhar dela sobre mim mas não conseguia retribuir, o que era engraçado, porque nunca fui o tipo de pessoa tímida. Na vida eu era a criança que fazia perguntas inadequadas em funerais, que se empolgava até demais nas peças teatrais da escola e que, bom, se tornava uma colunista sobre sexo e sexualidade. Deu pra entender? Nada era tabu pra mim, mas Margie, de alguma forma e por algum motivo curioso, chegava o mais próximo de ser.

ㅤ— Algum terror, talvez? — cutuquei as costelinhas dela, aproveitando que agora olhava para o teto para poder dar uma olhada na morena. Estava com aquele sorriso bobo que eu adorava e não via fazia algum tempo, pra ser sincera. Senti um quentinho no peito, como se aquele mero sorriso fosse capaz de me energizar por inteira, e talvez fosse — Uma comédia romântica? Friends? — Também vou ser sincera assumindo que já tiveram dois ou três ou vários momentos em que tive curiosidade de saber qual seria o cheirinho do rosto dela durante o beijo, e se seus lábios teriam o mesmo gostinho de cereja do seu lip balm — ... pornô? Tenho uma pasta bem seleta, prometo que não são ruins — sorri e enfiei uma batatinha na boca, já esperando o empurrão; ou talvez fosse minha sexualidade um tanto aflorada e eu estivesse confundindo as coisas. De qualquer forma, eu jamais arriscaria perder uma das coisas mais importantes de toda a minha vida, nem que passasse o resto dela imaginando se seus fios cor de chocolate teriam a mesma sensação de seda nas minhas mãos.

ㅤFiquei mais animada ainda quando ela empunhou uma bela garrafa de vinho, suspirando alto e dramaticamente — Eu já disse que te amo hoje?! — me estiquei o suficiente pra estalar um beijinho na bochecha dela, já pensando que não precisaríamos nos preocupar com o jantar naquela noite, a julgar pela quantidade de besteira que havíamos comprado. E ainda assim era mais saudável que aquele maço pela metade que agora ela segurava entre os dedos. Revirei os olhos, não era novidade que Margaret fumava mais que uma fábrica inteira, e eu me preocupava com ela — Parada bem aí! — gesticulei com a palma virada pra ela e um olhar semicerrado, e peguei uma latinha retangular antes escondida entre o estrado da cama e o colchão — Só se você experimentar isso aqui. — abri a caixinha e ergui um rolinho de cigarro um pouco diferente — Não é o que tá pensando... Têm frutas vermelhas, e talvez um pouquinho de, bem, você sabe, mas ainda é menos prejudicial que isso aí. 

ㅤOfereci a ela com uma sobrancelha erguida e meu típico olhar de "vai, só um tasquinho", enquanto pegava as taças e nos servia do vinho caro. A noite começava a cair lá fora, uma brisa fresquinha fazia tremer as cortinas, e se eu for sincera só mais um pouco, o sentimento seria o mesmo até com um vinho barato qualquer de uma lojinha de conveniência capenga de beira da estrada... desde que ela estivesse lá, comigo.