XX - I don't have to be straight with you
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XX - I don't have to be straight with you
Local: Sede do Profeta Diário.
Horário: 11:22 am, Sep 12th, 2059.
Clima: Dia ensolarado, 22º
Com: Daniel Chang.
Descrição: O Profeta Diário é conhecido por todos e a sala dos redatores é separada por diversas cabines, onde cada funcionário cumpre com seus afazeres dentro daquele pequeno espaço particular, decorado da forma que achar mais conveniente para despertar sua criatividade. A cozinha pequena aos fundos com apenas duas cadeiras na bancada presa a parede; ao lado a passagem para a sala do maquinário - que misteriosamente não produz som às salas do lado. E por fim, no final do corredor ao lado da cozinha, a sala do fotográfo substituto. Uma sala pequena, com as paredes de vidro. Ainda sem mobília, com jornais espalhados pelo chão, devido a reforma que deveria estar acontecendo agora, mas algo, ou alguém prendeu a atenção do nosso protagonista.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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You don't have to be straight with me
Não eram todos os funcionários do Profeta Diário que aceitaram bem a minha possível contratação; olhares desgostosos, sussurros pelas minhas costas e o prazer em dificultar o meu trabalho são as provas disso. Gaia me direcionava para os piores trabalhos e precisei batalhar muito para conquistar um pouco mais de espaço aqui dentro e finalmente recebi uma sala. Não é uma sala dos sonhos, mas para quem sempre teve pouco, isso é mais que o necessário. Claro que a Srta. Lestrange não me daria de mãos beijadas, então precisei providenciar fotos comprometedoras para isso e, graças a Calliope Parkinson, consegui ótimas fotos dos aurores sendo escorraçados por um grupo de bruxinhas recém formadas.
A sala fica localizada aos fundos de todo o departamento de produção, atrás da sala do maquinário e precisei abrir mão do banheiro para poder ter uma sala escura para revelar as fotos - duas remessas de escadas para chegar ao sanitário mais próximo não me fizeram desistir dessa ideia. Enfim, a sala pequena cabia perfeitamente em meus planos, mas o que os meus olhos vislumbraram não. Eu o segui desde o primeiro instante que o vi, até o segundo em que ele me viu. A lata de tinta caiu no chão e não me importei com o pincel respingando sobre o jornal já encharcado. — Daniel… — sussurrei incrédulo - minhas faculdades mentais só poderiam estar entrando de férias, pois obviamente decidiram não trabalhar direito.
Danny foi o meu melhor amigo em Hogwarts - Ben era quase um irmão, não entra na contagem - e também a minha primeira experiência com alguém do mesmo sexo. Minha primeira paixão. Meu primeiro amor; disseram uma vez que esse a gente nunca esquece e eu realmente nunca o havia esquecido, nem antes de Nicholas e nem mesmo depois. Daniel Chang esteve presente em minhas memórias todos os dias, desde sua partida.
Anos se passaram desde a última vez que o vi e o seu rosto permanecia o mesmo. Aquele sorriso tímido desenhado nos lábios, quase como a envergadura de um pássaro em uma pintura renascentista com um belo pôr do sol da praia. Os olhos ainda mais negros e a pele ainda mais perfeita que antes. Beleza sempre foi o forte do rapaz, mas o tempo parecia lhe agraciar com o passar dos anos e me vi envolto pelo passado, com cenas daquela noite atípica de lua cheia…
Eu o vi quando atravessou os arbustos atrás de mim. Alto, de físico sólido, olhos e cabelos escuros, a pele pálida e límpida - causando inveja na lua cheia exuberante no céu. Andando rápido demais, quase aos tropeços, preocupado com o que quer que fosse que estivesse acontecendo comigo. Meu Daniel. Eu implorei para ele ir, mas ele confuso se aproximava ainda mais enquanto eu recuava dois passos a cada um que era dado em minha direção. — Da-niel, sai daqui! — Implorei agarrando meus braços e ele abanou a cabeça num gesto negativo. Seus olhos estavam mudando por verem os meus o fazerem também. Era o medo, no meu caso a fome. Ela estava me dando aquela aparência primitiva, como a de um cachorro que captou o cheiro de uma fêmea no cio, que poucas pessoas ousariam enfrentar, mas não era o bastante para o fazer recuar. Todos nós (lobisomens) ficamos com esse ar, o ar animalesco, durante a transformação, pois depois de concluir a transformação… bom, não existe um animal que se compare ao que nos tornamos e ele mesmo assim não recuou.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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O Profeta Diário era o sonho da minha vida e que sempre esteve presente desde os tempos de escola, era o lugar no qual eu sempre sonhei em trabalhar e ter minha escrita reconhecida; é claro que ao longo dos anos as coisas mudaram, o jeito e sobre o que eu escrevia também se modificou, mas aquele local ainda era o meu sonho de consumo profissional. E agora eu podia dizer que estava ali, finalmente. Tinha medo, também, porque era meu sonho por tantos anos que eu não sabia exatamente como me sentir agora que estava ali ao meu alcance; o que eu podia fazer? Ter um sonho novo? Aproveitar cada segundo? Não sabia direito, mas sabia que iria dar o meu melhor sem pensar duas vezes, nem sequer meia vez se estou sendo honesto.
Meu primeiro dia foi conturbado, eu segui vários jornalistas em campo enquanto a chefia lia minhas matérias sobre outros cantos do mundo e via se valia a pena colocar alguma delas na edição mais recente; logo eu teria que viajar e isso me deixava satisfeito, unir meu trabalho com lazer era uma utopia que, sinceramente, não são muitos que conseguem fazer. Assenti durante o passeio, conhecendo o "quartel general" do jornal, prestando atenção em tudo o que me era dito e tentando decorar os nomes de todos logo numa primeira apresentação. Teve um nome que se destacou; não por ser diferente, estranho ou fácil de decorar, não, porque era um nome muito familiar, com o qual eu já estava mais do que acostumado mas que a muito não ouvia. Dominic.. Pensei enquanto sorria e assentia para a pessoa que me acompanhava, dando de cara com justamente essa pessoa tão conhecida. Eu ouvi seu sussurro mesmo com o barulho da lata caindo e o susto das pessoas ao redor; meu nome sussurrado, os olhos assustados e incrédulos, a covinha... Dominic. Minha voz não saiu sussurrada, muito pelo contrário, tinha até um quê de animação que não estava presente durante a conversa anterior com meu "guia". Quanto tempo. Lutei contra meus lábios, que queriam se abrir num sorriso, deixando-os apenas se esticar num sorrisinho breve sem mostrar os dentes. Não podia demonstrar a felicidade que sentia ao vê-lo; mesmo depois de tantos anos, de ter ido para a China e viajado boa parte da Ásia, ele ainda parecia ser a única coisa que me fazia sorrir tão involuntariamente - por isso me obriguei a não sorrir.
Ver Dominic, porém, trazia memórias dos tempos áureos da escola onde tudo era mais fácil, onde tínhamos sempre uma bagunça pra fazer e uma aula pra estudar, mas mais do que isso passávamos a maior parte do tempo vadiando e dando risada. Éramos melhores amigos, estávamos sempre juntos, inseparáveis por assim dizer, e eu o amava mais do que isso também; eu o olhava com mais emoção, o abraçava com mais vontade e sorria com mais brilho toda vez que era pra ele, porque era ele e ele não era somente meu amigo, ele era ele. Lembrava de quando descobri, por achá-lo estranho, sobre sua condição e em como aquilo me assustou em um primeiro momento. Ele me expulsava, queria que eu fosse embora mas eu não iria; ele estava com medo de me machucar e eu tinha o mesmo medo, mas também um que me tomou por completo, mais até do que o medo dele me cortar em pedaços, que era o medo que ele deveria estar sentindo, e sentia toda vez, toda lua cheia.
#01 • Daniel veste isso.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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Aquele levar arquear dos lábios de Daniel foi capaz de me desestabilizar ao ponto de perder um pouco o equilíbrio e a dicção, pois gaguejei alguma coisa que nem mesmo em minha cabeça fez sentido. Atirei o pincel no chão e deslizei o dorso de uma das mãos no rosto para limpar alguma possível marca de tinta, não contando que isso fosse apenas manchá-lo mais. — O que faz aqui? Chegou quando? — Era estranho estar diante da pessoa a quem pensei pertencer meu futuro há alguns anos e mesmo após todos esses anos, sentir exatamente a mesma sensação de lar que antes. — Pensei que estava na China… sua mãe está… bem? — Gaguejei ainda sem jeito limpando as mãos nas laterais da calça.
Perdi completamente a noção do tempo enquanto olhava em seus olhos e ignorar os olhares curiosos, observando meu nítido descontrole, não requer esforço algum. Naquele momento não existia nada além de nós. Puxei o ar, enchendo os pulmões com as milhares perguntas que se formavam em minha mente, mas nada mais aconteceu. Acontece que nada acontece quando estou perto dele. Minha boca dispara sem freios falando milhares de coisas que não tem nada haver e meus olhos parecem fugir dos dele, pois quando se encontram eu perco o ar, equilíbrio e momentaneamente sinto o chão desabar abaixo dos pés. Busquei nos olhos dele qualquer resquício de nós no passado; daquela confiança e extinto de proteção que tínhamos e só me afundei ainda mais na memória daquela noite…
— DANNY, FUJA AGORA! É… SÉ-RI-O! — Implorei em lágrimas ao notar que ele não recuava, apenas me observava estupefato, confuso com o que estaria acontecendo. Meus dedos estralavam e todas as minhas juntas pareciam se romper - como se meu corpo não fosse grande o bastante para os meus ossos. Lembro-me de implorar mais uma vez, mas ele avançou um passo e ajoelhado, lancei meu corpo para trás e com os pés me arrastei para longe. Minha camiseta foi a primeira coisa que me livrei ao cair da noite e minhas costas estavam cobertas pela terra úmida da floresta proibida. Era uma área proibida para alunos, por isso sempre a escolhi (durante os anos em Hogwarts) para as noites de lua cheia, não machucaria ninguém ali.
Ele não recuava e o pouco controle que eu ainda tinha sobre meu corpo, se tornou em desespero com as imagens do que poderia vir acontecer com ele, se ainda estivesse ali no final da transformação. Minha mão alcançou a varinha no cós do jeans - um ato desesperado e muito arriscado - e a prendi por entre os dentes. Pequenos estalos na madeira denunciaram que a varinha estava danificada, e com dificuldade apontei em sua direção
Re: XX - I don't have to be straight with you
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Ver Dominic adulto na minha frente era algo meio surreal, principalmente porque nos separamos na formatura do último ano para, teoricamente, nunca mais nos vermos. Era surreal não só pela ideia do 'nunca mais', mas porque nunca tinha conseguido imaginá-lo como um adulto completo, sabe? Ele sempre foi talentoso e poderia ser o que quisesse, dominar o mundo inclusive, mas nunca consegui visualiza-lo por completo. Mas ali estava ele, adulto e ainda mais incrível do que antes; quer dizer, com um pouco mais de tinta no rosto do que, aposto, ele gostaria de ter, mas ainda assim incrível. Está sujo. Apontei, no meu próprio rosto, onde ele tinha sujado ainda mais o rosto e acabei por tirar um lenço do bolso da calça, entregando a ele com delicadeza. Estudamos juntos em Hogwarts. Virei rapidamente para a pessoa que me acompanhava, claramente não entendendo o que estava acontecendo, e expliquei bem por baixo como era nossa relação, voltando a dar minha total atenção ao rapaz. Minha mãe ainda está na China, satisfeita de termos voltado. Me escreve sempre que dá, manda comidas e viaja vez ou outra pra me visitar, mas normalmente espera que eu vá. Assenti novamente. Como tem passado? Olhei para o lado, vendo novamente a pessoa e dei um sorrisinho apologético. Porque não tomamos alguma coisa quando eu acabar o meu tour? Acabei de ser contratado, então não vai ser como se não fossemos nos ver mais. Deixei o sorriso se abrir um pouco mais, afinal estava impossível me controlar para mantê-lo profissional e casual. Pelos deuses, era Dominic! Não tinha nada de casual ou profissional na forma que eu sorria pra ele!
Olhar pra ele daquela forma, nada casual, só me lembrava ainda mais daquela noite em que o segui e descobri com o que ele lutava. Eu já o amava antes, mas se fosse possível acabei o amando ainda mais depois. Lembro do medo que eu senti ao vê-lo mudando, mas também do desespero que passou por mim como um raio ao vê-lo suplicando para que eu o deixasse ali e fosse embora. Eu sabia, já tínhamos estudado o suficiente para que eu soubesse o que iria acontecer se eu ficasse, mas como que, em sã consciência, eu conseguiria deixá-lo sentir aquela dor e passando por aquilo tudo sozinho? Não tinha lógica alguma, e eu não conseguia. Por mais que eu soubesse que era perigoso, que eu precisava ir embora, meus pés não me obedeciam. Num desespero de sua parte, Dominic acabou por fazer um feitiço para me manter longe dele, o que aparentemente saiu errado - ou eu não me lembro direito - e eu acabei sendo empurrado, mas ele foi literalmente jogado para longe. Dei alguns passos na sua direção mas parei no caminho, minha respiração saindo como se estivesse correndo numa subida íngreme e com ar rarefeito; eu tinha que ouvi-lo, por mais que eu não quisesse, porque se eu ficasse iria morrer e ele não iria conseguir viver com o peso de ter me matado. Decidi, então, com aquela distância entre nós devido ao seu feitiço, que correria de volta para o castelo. E corri. Corri o mais rápido que consegui. Corri com lágrimas nos olhos e tropeçando pelo caminho por não conseguir enxergar devido ao embaçar das mesmas. Corri de volta para o dormitório, corri das outras pessoas e corri de tudo. Corri, até mesmo, do meu próprio quarto, indo para o dele e me embrenhando em sua cama; não podia, mas naquela noite eu tomaria uma detenção sem me preocupar, mas precisava do cheiro dele pra me acalmar.
Pisquei algumas vezes para me trazer de volta para o presente, agradecendo o passeio uma vez que já estava novamente no lobby do lugar onde tudo tinha começado. Não sabia como encontrar Dominic novamente, nem ao menos lembrava se o local onde o encontrei era o andar onde ele ficava, então lancei um feitiço breve num origami mal dobrado - por conta da pressa - onde escrevi as palavras esperando você no lobby, e deixei que o mesmo fizesse o seu caminho mágico até o rapaz. Felizmente não demoraria e eu poderia vê-lo de novo; por mais clichê que fosse, vê-lo tão brevemente tinha acendido uma saudade ainda maior do que a que eu senti todos esses anos na China.
#02 • Daniel veste isso.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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Ele agia naturalmente com aquele meio sorriso que eu conhecia tão bem, mas nada em mim parecia natural. Meus olhos estatelados denunciavam minha surpresa em ver Daniel ali, parado à minha frente. A pessoa que o acompanhava pelo tour - outra coisa que me deixou ainda mais pasmo - pelo Profeta Diário, apresentando o seu novo trabalho parecia ainda mais perdida que eu. De praxe, passei um pouco mais de vergonha devido ao excesso de tinta que havia em minhas mãos e braços. — Droga… desculpe. Eu vou trabalhar aqui, mas não havia orçamento para uma reforma. — Me expliquei meio desajeitado tentando limpar o local indicado, mas ele me ofereceu um lenço. Mordi meu lábio inferior e estendi minha mão, aceitando a ajuda com um sorriso sem graça, mas que foi o suficiente para marcar as covinhas em meu rosto. — Obrigado. Desculpe o estado. Eu não esperava te encontrar de novo. — Apertei o tecido por entre as mãos, ainda meio trêmulo e meus olhos não conseguiam se desprender dos dele.
No final ele me propôs nos encontrarmos no final de seu tour e eu apenas concordei com um balançar positivo da cabeça. Ele não me respondeu as minhas perguntas, nem eu as dele. Tê-lo de volta significava que eu não estaria tão só de novo. Quando ele partiu após nossa formatura do sétimo ano, na manhã do dia seguinte, não consegui me despedir na estação, mas eu tentei vê-lo uma última vez. Aquele abraço na noite anterior não tinha sido o suficiente e eu sabia que mais um antes do embarque também não seria, mas eu precisava vê-lo! E não consegui. — É uma ótima ideia. Seja… bem vindo ao Profeta Diário, Daniel. — Não pude deixar de sorrir ao dar as boas vindas. Sabíamos o quão importante esse momento estava sendo, pois desde moleque era esse o maior sonho dele e vê-lo o realizando me enchia de alegria - era como uma conquista minha. Vê-lo se afastar me levou de volta àquela noite fria de lua cheia, mais uma vez… e eu permaneci imóvel vendo-o desaparecer por entre as cabines.
A varinha danificada intencionalmente, para que o tiro saísse pela culatra, produziu uma espécie de ricochete e devolveu a energia direcionada a ele para mim. Era arriscado, mas não havia tempo e na pior das hipóteses o feitiço iria o arremessar de volta para os arbustos e com sorte eu não o encontraria ao final da transformação. Eu me lembro de vê-lo correndo após muito hesitar e chorar alto enquanto o fazia, mas depois disso eu apaguei e só acordei no outro dia desesperado, completamente nu, me arrastando pela mata torcendo para que não o encontrasse ferido ali. Não tinha forças para gritar, por isso sussurrava seu nome enquanto tateava o solo na direção em que me lembrava de tê-lo visto pela última vez.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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Quando deitei na cama dele, naquela memória do dia em que descobri seu sofrimento mais secreto e profundo, senti o cheiro de seu shampoo no travesseiro e imediatamente meu corpo pareceu relaxar com o aroma frutado; era como se ele estivesse ali me abraçando, passando a mão nos meus cabelos e me sussurrando que tudo ia ficar bem. Por outro lado, era como se meu coração tivesse ficado na floresta proibida com ele e ali só houvesse uma casca de quem eu realmente era. Dominic estava passando por algo terrível e que o machucaria por dentro e por fora, e eu estava ali na sua cama chorando como o inútil que eu era por não poder fazer nada para ajudá-lo.
Respirei fundo e balancei a cabeça, passando a mão pelos cabelos rapidamente, tentando tirar aquela visão da minha mente; não sabia o porque de estar pensando tanto naquela noite, talvez por ter sido o ponto de partida para nossa amizade virar algo mais, talvez por eu ter visto que mesmo com aquela maldição, como ele chamava, eu ainda o via apenas como ele era nos outros dias do mês e não como a fera que ele insistia ser; ele era muito mais do que aquela condição, mais do que o lobo que ele acreditava tomar conta de si, mais do que a fúria que crescia dentro de si a cada novo dia. Era compreensível que ele se afastasse de tudo e de todos desde que aquela mudança ocorreu em sua vida, mas uma pena pra ele que eu não iria a lugar nenhum.
Ouvi passos e me virei, as mãos nos bolsos de forma casual. Era tudo fachada, é claro, porque eu estava mais do que nervoso com aquele reencontro, e mais ainda com a gente saindo dali para conversar sobre como estávamos naqueles quase dez anos desde que nos vimos pela última vez. Quando o vi de novo, dessa vez sem marca de tinta, meu coração pareceu sair do peito e meu rosto involuntariamente se contraiu em um sorriso de canto que aumentava a cada novo passo dele na minha direção. Se controle! Pedi a mim mesmo, mas era inútil. Então apenas sorri e dei um aceno leve para indicar onde eu estava mesmo que ele já soubesse e já estivesse quase na minha frente.
#03 • Daniel veste isso.
Re: XX - I don't have to be straight with you
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Quando ele saiu não pensei duas vezes em juntar todas as latas e empilhá-las no canto da sala, joguei os pincéis dentro de um balde com água e corri para o vestiário. Precisava retirar os trapos que eu usava e me preparar para me encontrar com ele e para minha surpresa ele já estavam me esperando no lobby de acordo com o bilhete, perfeitamente dobrado em origami, que chegou voando delicadamente em minha mão.
Desci as escadas correndo, ajeitando as mangas de maneira desajeitada, tentando manter a bolsa presa no ombro enquanto isso. Deslizei as mãos pelos cabelos molhados tentando dar a eles um penteado despojado, mas não creio ter alcançado meu objetivo e por fim criei coragem para procurá-lo pelo salão. Não foi difícil. Ele estava parado ao pé da escada e eu tentei não sorrir ao vê-lo acenar, mas falhei miseravelmente. Dessa vez não hesitei, nem tentei escondê-lo, apenas o deixei moldar meus lábios e por fim, deslizei a língua sobre eles em uma tentativa desesperada de umedecê-los.
Existiam quatro degraus entre nós e de repente apenas nossas incertezas. — Olá. Há quanto tempo, hein? — Brinquei guardando as mãos nos bolsos e tentando manter uma postura mais culta, mas a mochila escorregou do ombro e meio sem jeito voltei com ela para o lugar. — Não perdeu o estilo. Origamis. Sua marca registrada; tenho todos guardados até hoje. — Meus olhos buscavam pelos dele, mas quando os tinham se perdiam de novo na direção do chão. Era um misto de alívio e incerteza que me invadia naquela hora e eu só conseguia pensar em como gostaria de ouví-lo pelas próximas horas, dias, meses, pra sempre. — Vamos. Conheço um lugar. — Apontei a direção e quando ele pareou o corpo ao meu, para caminhar ao meu lado, dei um soco leve que o empurrou um passo para longe de mim. — Espero que dessa vez não me deixe de novo.
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