Dante Greyback

Quem nunca imaginou como seria o Inferno? Como seríamos castigados por nossos pecados? Bem, Dante Alighieri imaginou. Imaginou e descreveu com uma riqueza de detalhes tão grande, que é capaz de aterrorizar até os mais incrédulos. O Inferno descrito por Dante Alighieri está em forma de um funil, que segue em direção ao centro da terra, onde Lucífer está à espera; e é por aqui que começamos a história de Dante James Greyback, o mais novo dos trigêmeos que já começaram a vida mal.

E lá vamos nós…. “Deixe toda esperança, ó vós que entrais”.

Dominic, Dua e Dante cresceram unidos no ventre da mãe que, exibida num circo por ser quem era, não teve a chance de ser exatamente aquilo que seu título a descrevia: uma mãe. E assim as crianças passaram pelo primeiro círculo do inferno, mais conhecido como Limbo; nos contos do escritor italiano os motivos para se estar neste círculo eram outros, mas para a história de Dante usaremos apenas os nomes e sua inspiração - faça o favor de acompanhar.

O Vale dos Ventos, que é o segundo círculo, veio como a morte da pequena Dua durante o nascimento do três e do cordão umbilical ser preso no pescoço de Dante até que o garoto fosse dado como morto. Dominic foi levado embora, Dua partiu por si só e Dante se viu lutando pela própria vida antes mesmo de abrir os olhos pela primeira vez. A parteira, surpresa com tudo o que aconteceu, levou Dante para outro quarto deixando a mãe com Dominic e a tristeza de perder os outros dois; mal sabia ela que, um minuto e trinta e sete segundos depois... Dante iria respirar de novo. 

Sua vida foi difícil, a parteira tinha seus cinco filhos e era pobre, não tinha nada para dar para o menino que acabou em seus cuidados. Foi nomeado de James por não saber o nome que a mãe do garoto tinha escolhido, e levou o sobrenome da mesma com orgulho. Dante, na época James, era uma criança trabalhadora e carregava uma marca apertada no pescoço que desapareceu levemente ao longo dos anos - mas ainda era visível quando não usava correntes ou camisetas; a marca do seu primeiro contato com a morte, a marca que deixava clara a sua luta para existir. O Lago da Lama, terceiro círculo do inferno, é retratado na vida de James como a dificuldade de crescer sem um lugar para chamar de seu. Apesar de todo o carinho e receptividade, aquela mulher que o criava não era sua mãe e aqueles não eram seus irmãos.

O quarto, quinto, sexto e sétimo círculos do inferno, todos, foram passados em Hogwarts quando o garoto estava por lá. Colinas de Rocha, o quarto, foi sua seleção na casa das cobras e ter sido marcado, por essa razão, por um grupo de puristas que não queriam pessoas como ele - "pobres" - dando um mau nome para a casa verde. O Rio Estige, quinto círculo, foi o momento em que tornou-se o batedor do time de quadribol e acabou pedindo para sair por conta da quantidade de abuso que sofria dos colegas - os mesmos que implicavam com ele por sua criação, diga-se de passagem. O sexto círculo, conhecido como Cemitério de Fogo, foi o momento em que James descobriu, no leito de morte da mulher que o tratou como filho desde o nascimento, quem era sua verdadeira mãe e seu verdadeiro sobrenome; era como se a única ligação que o garoto tinha com a normalidade estivesse caindo por terra e tirando a pouca segurança que ele ainda tinha. Com esse Cemitério veio o sétimo círculo do inferno na vida do garoto, ainda um sextanista, que era o Vale do Flegetonte; o nome era propício se formos considerar que na mitologia grega o Flegetonte é um dos rios do Hades, mais especificamente o rio de fogo que passa pelo Tártaro, e que como sua função era torturar as "almas" ele tinha que preservá-las, para tortura-las por mais tempo. Entretanto, para isso ele possuía águas curativas, e por isso, é chamado por alguns, de "Rio da Cura". E porque isso é propício, você pode perguntar, porque finalmente - e de forma muito merecedora, James descobriu que tinha um irmão, Dominic, em sua casa e seu ano na escola. Mas ao contrário do que se pode imaginar, ele não o procurou e disse quem era, apenas o observou de longe e vislumbrou quem poderia ser.

O oitavo círculo está fora de ordem na vida do garoto, porque foi nele que sua transformação, a primeira lua cheia que lhe trouxe o Malebolge; aproximadamente traduzido do italiano significando "valas do mal". Essas "valas" foram todos os sentimentos ruins que a família que o acolhia nutriu por ele depois dos sete anos quando tudo mudou. Os ossos se quebrando para que o corpo pudesse adaptar sua forma, a cabeça doendo e os olhos ficando mais focados em olharem durante a noite. E o sangue. O cheiro de sangue que ele conseguia sentir de longe, que o fazia sentir como se estivesse faminto e pronto para correr uma maratona inteira atrás de apenas um pedaço do que quer que fosse que tinha aquele cheiro tão incrível. Foi a pior parte da vida dele, descobrir-se nessa situação, e não ter o apoio de ninguém para atravessar o momento. Toda lua cheia, a partir dali, a família o trancava para o lado de fora e a "mãe" chorava pedindo perdão enquanto ele, igualmente choroso, caminhava pelo relento em busca da sorte de não machucar ninguém.

Eis que chegamos ao final, o nono círculo do inferno descrito por Dante Alighieri, o Lago Cócite cujo pavimento é formado por gelo, foi o momento antes de James descobrir tudo sobre seu verdadeiro eu. Havia uma carta, que ele recebeu de um dos irmãos de criação em seu aniversário de vinte anos, e nela a mãe, a verdadeira, contava o quanto ela queria conhecê-lo e como estava triste por tê-lo perdido naquele parto juntamente com a irmã Dua. Ela lhe dizia o seu nome, Dante, e falava sobre Dominic, assim sobre seu passado e chegava a dizer as palavras "agradeço pela sua morte por não ter que sofrer no futuro com o meu presente". Dante, que depois de se formar em Hogwarts jogou quadribol profissionalmente na Itália por alguns anos, resolveu se aposentar da carreira esportiva na Italia e voltar para o local que o chamava desde que morreu ao nascer: a Inglaterra, passando a jogar em um time de lá que já o cobiçava a tempos. 

Se formos analisar toda a vida de Dante, é seguro dizer que sua passagem pelo mesmo se deu a partir do momento em que morreu antes mesmo de nascer. Felizmente ao passar por todos os círculos se chega ao centro da Terra, de acordo com a Divina Comédia, e é lá que começa a subida em direção à saída, em busca do céu estrelado, da luz no fim do túnel, encerrando assim a viagem pelo temido inferno. E é nessa subida que o nosso Dante se encontra atualmente.