XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
Local: 49 Marchmont St, Londres
Horário: 13 pm, Sep 12th, 2059.
Clima: Dia ensolarado, 22º
Com: Dominic Greyback.
Descrição: Depois de se reencontrarem, Dominic e Daniel vão para o 49Cafe para conversarem e descobrirem sobre todas as mudanças em suas vidas. O Café existe e pode ser encontrado neste link: aqui.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Dei risada abertamente quando saímos da sede d'O Profeta, concordando com a cabeça ao ouvi-lo falar tão naturalmente que os origamis eram minha marca registrada; eram, de fato, porque eu tinha essa mania e nossas conversas, quando separados nas aulas, eram feitas assim, mas não esperava que em quase dez anos ele ainda se lembrasse tão nitidamente desse fato. Suspirei de leve ao vê-lo ao meu lado, ombro com ombro, e acabei dando outra risada depois da surpresa de ter meu ombro socado amigavelmente. Delicado como coice de mula. Revirei os olhos, o sorriso não deixando de existir no meu rosto desde que nos reencontramos.
Caminhamos até o tal café que ele conhecia em um silêncio aconchegante que vez ou outra entrava em assuntos aleatórios sobre a cidade. Não era nada demais, sabe, coisas que mudaram desde a última vez em que eu estivera ali; conversa fiada enquanto caminhávamos debaixo do sol delicado de final de outono e sentíamos a brisa gelada do inverno que se aproximava. Era um clima perfeito para passear pelas ruas, inclusive, e dado o horário tinham muitos de nós, trabalhadores, passeando por ali para achar um lugar para almoçar. Observei o local e sorri, entrando antes dele e agradecendo o cavalheirismo do momento enquanto observava a parte interna. Era um local aconchegante e bonito, tipicamente londrino, e não estava cheio também, o que facilitaria a nossa ideia de conversar e "colocar o papo em dia".
Ele escolheu a mesa e eu me sentei logo depois dele, ainda observando o ambiente mas tendo meus olhos sempre voltados à sua órbita como se uma lua ao redor do planeta. Então.. Comecei a falar, dando uma risadinha de mim mesmo por estar tão nervoso e sem jeito para falar com meu, até segunda ordem, melhor amigo. Eu sinto muito ter partido, mas não tinha como me manter aqui na época. Tinha apenas dezessete anos e minha mãe precisava voltar pra casa. Quando finalmente tive independência pra fazer alguma coisa, comecei a trabalhar e viajar pela Ásia por causa de uma revista de turismo. Dei de ombros enquanto observava o cardápio com atenção. Depois disso peguei mais e mais trabalhos de viagem para outras revistas, depois um jornal e então recebi a oportunidade de vir pra cá. E nessa história toda, por mais estranho que possa parecer, se foram quase dez anos e eu nem percebi quanto o tempo voou. Queria dizer que no sentido profissional, sim, o tempo tinha voado, mas que cada dia sem ele parecia arrastado e eu me lembrava todos os dias, fosse por algum comentário que eu queria fazer ou por alguma coisa que me lembrasse dele. Não disse, é óbvio, parecia algo profundo demais para um reencontro leve desses, e só porque eu estava solteiro - e estive por todos esses anos - não queria dizer que ele estaria; com a minha sorte, inclusive, estaria para se casar no dia seguinte.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Pensei que jamais fosse me interessar por alguém de novo após a partida de Daniel e acreditei nisso por muitos anos. Sair de Hogwarts me fez encarar parte da minha vida que o privilégio de ser aluno me fazia ignorar. Ser órfão e não ter um lar fica fácil quando se tem um castelo inteiro para explorar durante os feriados e três refeições fartas, independente do dia. Quando me formei perdi muito mais que meu lar - Daniel havia partido no dia seguinte à formatura -, eu fiquei sem lugar para morar ou me esconder. Descobri, sentindo na pele, o quão cruel e mesquinha a sociedade pode ser; amarrado a maldição de um sobrenome e fadado a viver sozinho nos becos da pacata Londres, me escondendo em florestas e cavernas nas noites de lua cheia.
Sair das paredes do castelo me levou direto para as ruas londrinas e o frio, a fome e todas as outras necessidades de um ser humano me fizeram ser o sobrevivente que sou hoje. Fiz coisas das quais não me orgulho, mas me mantive vivo; me tornei forte. Roubei e vendi; me vendi, mas não me entreguei para alguém, por saber que ainda pertencia a Daniel. Não me apaixonei uma vez sequer, até conhecer Nicholas. Quase dez anos depois e pela primeira vez, senti que alguém poderia me completar, não como ele, mas me dei uma segunda chance. Não que fosse usá-lo como tapa buraco, pois o formato que falta em mim jamais será preenchido. A falta que Danny deixou nunca será suprida por outra pessoa, mas Nich se importou comigo; me viu como um ser humano e não como uma mancha na sociedade bruxa. Ele abraçou minha bagunça e não tentou me organizar - ele tenta aprender a viver no meio dela, mesmo sendo tão bagunçado como eu.
E agora, justamente agora, que pensei que conseguiria seguir em frente e superar tudo o que Daniel deixou em mim, ele reaparece. O futuro que parecia tão certo se desmoronou à minha frente e enquanto caminhávamos para dentro do estabelecimento não consegui dizer uma palavra sequer. Eu o seguia em no piloto automático.
Ele pareceu nervoso. Mordi meu lábio inferior com mais força que o necessário, ouvindo cada palavra e acenando positivamente com a cabeça. Minhas mãos estavam sobre a mesa, unidas em seu centro e minha perna direita agitada por debaixo dela. — E então você voltou… Nove anos depois e em seu primeiro dia nós nos encontramos no meio da relaxação do seu sonho. Tsk. — Gostaria de ter sorrido nessa frase, mas não consegui. Estar ali diante dele, depois de tantos anos, não parecia real. Não parecia certo. Queria poder abraçá-lo forte, afundar meu rosto em seu pescoço e chorar por todas as noites frias que implorei por seu calor. Sentir seu cheiro como eu queria tê-lo feito todas as noites naquele quarto mofado de hotel. Sentir sua respiração acariciar o meu rosto, deitados olhando para o outro por horas - como fazíamos nas noites que antecediam a lua cheia. — Então… veio sozinho? — A pergunta que eu não deveria ter feito. Talvez, por não querer saber a resposta ou por medo dela. Poderia me machucar ou… machucar alguém com quem me importo e isso parecia me sufocar. — Pensou em me procurar? — saiu de uma forma meio fria, não por não me importar, apenas pelo medo - mais uma vez - da resposta.
Eu achando que tinha tomado o controle do meu destino e elevem, esfregando em minha cara, que estava - mais uma vez - enganado.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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De todas as coisas que eu esperava quando cheguei em Londres de novo, certamente reencontrar Dominic não era uma delas. Quer dizer, eu tinha planos de o procurar, de descobrir onde estava e como estava sua vida, mas não esperava que fosse ser tão imediatamente na minha chegada, entende? Não era como se eu não quisesse procurá-lo, como senti na entrelinha de sua pergunta, eu só não esperava que fosse ser tão rápido. Não que me incomode, claro, porque fico feliz da vida por poder encontrá-lo de novo e vê-lo assim tão bem; era um sinal de que mesmo com todas as adversidades, ele tinha vencido na vida. E isso me deixava orgulhoso, além de muito feliz por ele.
Expliquei da minha história dos últimos nove anos, como foi que tudo aconteceu - não em detalhes, tentei ser o mais objetivo o possível -, e como que eu tinha chegado até ali. Mas ele não pareceu satisfeito com aquilo, não sei porque, na verdade, mas sentia que tinha algo entalado nele a respeito de mim. Talvez não devesse ter dado a ideia de conversarmos fora do trabalho. Pensei brevemente enquanto assentia. Sim, literalmente no primeiro dia. Não tenho nem onde morar ainda. Dei uma risada fraca lembrando do quarto de hotel onde eu tinha passado a noite e me preparado para aquela entrevista que acabou na contratação e no tour que fiz horas antes; era um lugar temporário e eu precisaria de algo melhor, mas não era tão importante no momento. Não quando eu tinha o reencontrado, e mesmo que talvez ele não estivesse tão feliz - ou não parecesse estar - quanto eu por esse mesmo fato.
Como dito antes, a forma com que ele perguntou se eu tinha pensado em o procurar foi quase o mesmo efeito do que um estupefaça, mas mantive a compostura; só o sorriso que fraquejou um pouco enquanto solfava o ar pelo nariz e concordava com a cabeça. Sim, vim sozinho. Não entendia as entrelinhas daquela pergunta, mas sabia que tinha alguma; Dominic nunca tinha sido alguém que falava coisas aleatoriamente, mas, também, depois de tanto tempo talvez eu nem o conhecesse mais. Dom, claro que eu pensei em te procurar. Balancei a cabeça negativamente e soltei o ar pelo nariz e dei um sorrisinho. Faria isso assim que saísse da entrevista, que virou contratação. Não esperava que iria te encontrar no meio dela. Dei outra risadinha, dando de ombros. Queria dizer mais coisas, mas a ideia de que eu realmente pudesse não conhecê-lo mais estava muito presente na minha cabeça. Eu queria, sim, reencontrá-lo, foi a primeira coisa na minha cabeça inclusive, mas agora estava inseguro com essa mesma razão. Eu teria procurado até antes, mas não consegui chegar aqui antes de ontem e precisava organizar as coisas para O Profeta. Suspirei. Não existe um mundo onde eu viria pra cá e não iria te procurar, Dom. Tinha abaixado a cabeça e nem reparei, mas naquele momento a levantei e olhei em seus olhos, talvez, pela primeira vez desde que chegamos naquele café. E que olhos lindos que ele tinha, que saudades que eu tinha deles; e dele, completamente.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Daniel pareceu sentir a raiva que sentia naquele momento, mas pode ter entendido errado a origem dela. Não era pelo seu retorno, mas pelo destino brincar tanto com meus sentimentos desse jeito. — Pelo menos um de nós realizou o sonho, não é? — Brinquei, dando um sorrisinho sem graça e olhando para o centro da mesa. Na noite em que falamos sobre o que gostariamos para o nosso futuro ele confidenciou sua paixão pelo Profeta Diário e por achar meu sonho pequeno, menti sobre ele. Enquanto ele sonhava com algo profissional eu apenas queria estar ao lado dele, por isso joguei a primeira coisa que me veio à cabeça para responder sua pergunta: Rebatedor ou Especialista em Dragões.
Almejar coisas grandes nunca foi minha praia, não por não desejar grande, mas por não acreditar que merecesse e nunca consegui acreditar que alguém como Daniel passaria o resto de seus dias comigo. — Eu esperei por você. Esperei por nove anos. Nada e nem ninguém conseguiu preencher o vazio que você deixou. — Joguei sobre as palavras ao ar e o olhei nos olhos, pela primeira vez desde que nos encontramos e ele também olhava pra mim. Nove anos se passaram e eles continuavam os mesmos. — Bom, eu tenho um quarto no subúrbio de Londres com um banheiro. Pequeno, mas está parado. Pode ficar com ele, se quiser. O início da vida aqui em Londres não é fácil e já poderia economizar com aluguel ou diária. — Apertei os lábios em um sorriso, inclinando a cabeça um pouco para a direita. Ele está de volta e eu farei o necessário para que não vá de novo.
— Fico feliz que tenha voltado, Danny. — Foi quase um sussurro, mas ele me ouviu. O sorriso apertado se abriu um pouco mais e meus braços se cruzaram em frente ao corpo. Joguei meu corpo para trás, fazendo da cadeira um balanço e estendi a mão para o garçom. — E aí? Vai aceitar o meu cafofo?
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Lembrava dos dias de escola, quando crianças inocentes e sem noção - que éramos - escolhiam seus futuros sem pensar duas vezes e diziam querer ser várias coisas ao mesmo tempo. Lembrava dele sem saber o que queria, se trabalharia com dragões ou jogaria quadribol, e lembrava de mim mesmo sabendo que queria escrever mas sem nunca saber sobre o que ou aonde. Eram tempos bons, tempos de pouca dúvida é muitas certezas, mas eles passaram e eu não pude concretizar alguns dos pensamentos que tive. Sim, de fato meu sonho era trabalhar no profeta diário, mas um segundo sonho, por assim dizer, era fazê-lo ao lado de Dominic; talvez, se estiver sendo honesto, o sonho maior sempre tenha sido estar ao lado dele, afinal eu podia escrever onde quer que eu estivesse não é? Ele já não estaria em qualquer lugar. Infelizmente a China, e minha mãe, mudou minha história e eu não consegui concretizar aquela vontade específica, somente o sonho já verbalizado quando adolescente. Você não seguiu a carreira de jogador, claramente. Impliquei rapidamente apontando para seu corpo, mas era apenas implicância porque ele tinha a construção corporal perfeita para um jogador de quadribol se quisesse mesmo sê-lo. E os... Dragões né? Não seguiu isso também? Me sentia um pouco mal por não recordar direito do título, mas daria minha mão esquerda que era algo com dragões.
Suas palavras me atingiram como tijolos na cabeça e eu fiquei boquiaberto. Não esperava tamanha franqueza assim tão rapidamente, mas não devia ter esperado nada diferente também; era Dominic afinal. Me perdoe por ter partido. Sempre que eu tentava pegar um trabalho pra esses lados, algo dava errado em casa e eu não conseguia. Me senti dando desculpas e então balancei a cabeça, erguendo a mão levante até a testa e batendo a língua no céu da boca. Na verdade não, não tem desculpa. Eu devia ter escrito, mandado um origami, qualquer coisa. Eu errei nesse ponto. Deixei que a vida acontecesse e me levasse pra mais longe de você quando deveria estar tentando justamente voltar. Suspirei, baixando a mão e apoiando ambas sobre a mesa, meus ombros caindo levemente. Você, você quer que eu fique com seu apartamento?! Era um giro de cento de oitenta graus na direção oposta da conversa, mas como ele tinha mudado o assunto, eu iria apenas acompanhar sua mudança e concordar.
Sorri de forma acolhedora e concordei. Fico feliz de estar de volta também. Assenti em seguida, suspirando. Você tem certeza? Não vou atrapalhar você estando lá? Queria perguntar mais coisas, e dizer que estava mais feliz ainda de tê-lo reencontrado, mas talvez numa próxima oportunidade; ou quando assunto surgisse novamente.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Se você estiver diante de uma bomba prestes a explodir, você desejaria ter mais dois segundos para desarmá-la? Não nos damos conta do quão importante cada segundo é e nesse momento estou tentando aproveitá-lo o máximo possível. Cada palavra, cada gesto e até a forma com que ele pisca os olhos. Eu sentia falta do meu melhor amigo, mas não fazia ideia do quanto. Não até ele estar diante de mim e eu me sentir impotente a tamanho sentimento.
Sempre segui meus instintos e eles me mantiveram vivo durante esses anos, mas por alguma razão me sinto preso. Eu gostaria de tê-lo abraçado no momento em que o vi. Segurado seu rosto por entre as mãos, olhando em seus olhos e sussurrar a pergunta que está presa em minha garganta: Por quê demorou tanto? Eu queria poder saltar sobre essa mesa, agarrá-lo pelo colarinho e beijá-lo com força, com saudade, com lágrimas, mas apenas fiquei parado sentado na cadeira o observando falar. — Não… — respondi balançando a cabeça para me desprender dos meus “e se’s”. — Nitidamente não dei muito certo na vida. O quadribol e os dragões eram sonhos, mas não eram o sonho. — Disse meio sussurrado enquanto o garçom se aproximava para pegar os pedidos. — Dois Crumpets com geleia de amora e um chá de Maçã com Canela, por favor. E você vai querer o quê? — Nove anos é muito tempo para eu decidir que o prato preferido dele ainda fosse o mesmo, então, pedi o meu para ver se ele ainda se lembrava de ter me apresentado o mundo dos chás e com isso o meu pedido havia se tornado o meu prato preferido, mas que eu só comia quando sozinho - ou quando tinha dinheiro -, pois era uma das formas que havia encontrado de me sentir mais próximo dele.
O garçom se retirou e o observei por alguns segundos em silêncio - ainda estava tentando acreditar que aquilo era realmente real. — Bom, sobre o quarto. É bem simples, Danny. Não me atrapalha em nada, pois tenho ficado na mansão dos Malfoy. Tenho um quarto lá… — nesse momento minha boca secou.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Era triste ouvi-lo falar que não tinha dado certo na vida, porque eu só conseguia ver um homem bem arrumado, bem cuidado e aparentemente feliz; isso não era se dar bem? Tudo bem que não era exatamente o que ele queria fazer da vida, e daí? Ele estando feliz era o que importava, não? Como assim ‘não era o sonho’? Sempre achei que você tinha decidido que um dos dois era seu maior sonho. Fiquei realmente surpreso com aquele comentário, aparentemente tão pequeno, mas pra mim que o conhecia... Não. Não o conhecia mais, não é? Eu o conheci nove anos antes, ele obviamente não era mais o Dominic com quem eu brincava, implicava, e trocava olhares impróprios em momentos inoportunos. Não importava que eu quisesse achar que ele era a mesma pessoa, que eu o quisesse abraçar bem forte e dizer que reencontra-lo tinha sido o melhor presente de toda uma vida, muito menos que eu tinha saudades de tudo nele que um dia já fez parte essencial na minha vida. Nada disso era importante porque, como eu disse: eu não o conhecia mais.
O pedido feito por ele me fez baixar a cabeça e dar um sorrisinho breve, um segundo apenas, antes de dizer que queria o mesmo e agradecer ao atendente. Me chocava que ele ainda tomasse chás depois de tanta resistência a começar a tomá-los quando éramos mais novos. Pensei em comentar sobre, mas suspirei e deixei que aquela memória ficasse guardada em mim e se mantivesse ali para sempre. Não tinha nada demais nele tomar chá, mais ainda maçã com canela; não queria dizer nada, nem tinha nenhuma entrelinha com o fato de que era o meu favorito.
Mansão Malfoy? Uau. Assenti com um risinho. Não esperava por essa. Mas devo admitir que não me surpreende sua vida ter mudado tanto a ponto de estar com eles agora. Queria perguntar se ele estava lá de favor ou se era por algum motivo matrimonial, talvez tivesse se casado e agora fosse Dominic Malfoy? Ok, só pensar sobre isso me dá vontade de vomitar. Como isso aconteceu? Quer dizer, você não deu o golpe da barriga em alguém, deu? Brinquei, sorrindo abertamente e deixando que o mesmo se tornasse um riso, mas por dentro tremia mais do que vara verde com a possibilidade de ele realmente não ter mais qualquer vínculo comigo. Que egoísta da minha parte querer que ele esteja solteiro, deveria querer apenas sua felicidade depois de ter ido embora no meio do nosso romance; mas a quem estou querendo enganar? Sempre vou querer ele, por simplesmente ser ele.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Ele não parecia ter mudado muito. Sua aparência continuava gentil como sempre; tão lindo quanto. O sorriso estava ainda mais bonito e eu sorri quando ele o fez. — Eu disse que queria ser uma dessas coisas por achar que seriam profissões dignas de um Chang. Meu sonho? Hunf... Era me casar com você. Só tinha medo de te dizer isso em voz alta. — Dei de ombros ainda sorrindo. — Me julgue. Eu só queria ser motivo de orgulho para ser aceito pela sua mãe; mostrar que sou muito mais que apenas a história que meu sobrenome traz. — Esse é um fardo que talvez eu nunca consiga deixar para trás; os olhares direcionados a mim, os murmúrios e até mesmo insultos são meu lembrete constante.
A reação dele me fez rir. Imaginar que eu houvesse dado o golpe da barriga para ser aceito na mansão dos Malfoy - é fato uma coisa que eu faria, mas Brianna é como uma irmã pra mim. — Não! Claro que não. Não me casei ou tenho filhos. Os Malfoy são uma espécie de padrinhos. Benjamin, o filho deles, andava comigo em Hogwarts. Você não gostava muito dele, mas ele é quase como um irmão. Eles quiseram me dar um lar depois que me formei, mas estava tão perdido que decidi encontrar meu caminho sozinho. Jura que não lembra dos irmãos Malfoy? Brianna e Benjamin? E para a surpresa do mundo Ben é um auror, meio insubmisso e que adora passar por cima da capitã - que não é mais capitã depois do vexame no funeral- e Brianna, modelo. — Serei pra sempre grato por tudo que fizeram por mim.
Não havia um trejeito novo, uma mania sequer. O mesmo Daniel Chang de nove anos atrás. Semblante gentil, sorriso fácil e aquele senso de humor questionável. Apoiei meu cotovelo na mesa e deixei minha mão sustentar meu rosto, com a mesma expressão apaixonada de nove anos atrás.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Não era novidade pra ninguém o quanto eu era apaixonado por Dominic quando estávamos na escola; pensava na minha vida pós Hogwarts sempre o incluindo, e até mesmo quando íamos em Hogsmeade tinha que ser juntos, se ele não podia então eu não ia. Sei que parece meloso e grude demais, mas a verdade é que ele passava por muito estresse desnecessário por ter o nome que tinha e eu nunca o deixaria enfrentar aquele inferno sozinho. Mas, mesmo sendo um casal e estando apaixonados, éramos adolescentes e eu nunca achei que o meu sonho de viver tudo e conhecer tudo com ele do lado, meu companheiro de aventuras para todo o sempre, fosse compartilhado por ele de forma tão profunda; ouvi-lo dizer aquelas palavras, de forma tão direta, me pegou de surpresa a ponto de fazer com que eu perdesse o ar por alguns instantes e precisasse piscar algumas vezes para ter certeza de que era real. Talvez tivesse me beliscado discretamente também, mas ninguém precisa saber disso.
Respirei fundo depois de me recompor e dei um sorrisinho sem graça, talvez pela primeira vez em muitos anos não estivesse daquela forma por causa de alguém; mas, de novo, não era alguém, era ele. Se eu soubesse disso, talvez pudéssemos ter casado no dia em que eu iria pra China. Não teria ido. Ri, porque era o tipo de pensamento que o eu adolescente diria. Mas, falando sério, talvez devesse ter dito. Eu com certeza teria voltado mais cedo. Suspirei. Ou te levado comigo. Dei de ombros brevemente, não adiantava muito falar dos “e se” da vida, mas certamente as coisas seriam diferentes.
Sorri aliviado com sua resposta, concordando e assentindo enquanto ele explicava sobre todos eles e me fazendo cair ainda mais no lago de memórias passadas e relembrar das pessoas. Lembro vagamente deles, lembro bastante de Brianna. Me senti bem mal de ter perdido o contato dela, e de todos os nossos amigos, quando fui embora. Suspirei ao ve-lo apoiar o rosto na mão e dar um sorrisinho quase imperceptível, igual sempre fizera nove anos antes, e sorri de forma tão terna quanto antes. Será possível que eu nunca vou deixar de ser apaixonado por você? Ri de mim mesmo, mais alto do que deveria, e passei a mão pelos cabelos antes de jogar a cabeça um pouco para trás enquanto ria ainda mais de mim mesmo.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Quando ele partiu, levou parte de mim consigo. Eu não sorria mais e talvez por isso tenha me tornado tão revoltado, tão cheio de raiva e frustração; era Daniel que despertava o melhor de mim, que trazia o meu verdadeiro eu à tona. O simples fato de alguém - um único alguém - acreditar que havia algo além do lobo aqui dentro, me mantinha agarrado aquele pequeno fio de esperança. Daniel era meu ponto de paz e vê-lo partir apenas me deixou em guerra comigo mesmo, com meus próprios demônios e desejos.
Fiquei perdido por muito tempo. Danny quem me contou sobre almas gêmeas e eu soube na hora que ele é a minha. Com sua partida me questionei, questionei o mundo e qualquer que fossem as forças que regem o universo por tornar minha vida ainda mais complicada; sem ele. Me apaixonei pela leitura por influência dele e procurei entender por páginas em branco, amareladas, envelhecidas ou até mesmo em pergaminhos frágeis, tudo que pudesse explicar sobre conexões de almas. Foi uma forma de manter firme a pequena, quase falha, esperança de que fôssemos realmente nos encontrar de novo mesmo que em outra vida, como li em alguns lugares que as almas se encontram pós vida e podem sim, tentar mais uma vez se reencontrar e realizar os planos que tinham para si, de formas mais leves e esclarecidas que da última vez.
Eu estava observando falar e me perdi enquanto o fazia. Era como viver um sonho estando acordado. Quantas foram as vezes que eu daria todos os meus anos por apenas um momento, esse momento, com ele? A sua última frase me fez acordar do pequeno transe e eu sorri sem graça, afagando a nuca enquanto ele se inclinava para trás. — Ok. Por essa eu não esperava. — cobri o rosto com ambas as mãos e o observei por uma fenda pequena por entre os dedos para apenas um dos olhos. — Não faz hora com minha cara Daniel Chang ou eu te taco essa tortinha. — apontei para o Crumpet sendo servido pelo garçom que logo saiu com um olhar meio torto. — Você pensou em mim durante esse tempo? Você… ainda é apaixonado por mim, Danny? Cara… como? Logo eu! Olha você. — Tapei o rosto com as mãos após apontar na direção dele e com a cadeira inclinada para trás me balancei três vezes, antes de cruzar os braços e o encará-lo mais uma vez.
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Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Natural. A única palavra capaz de traduzir nossa relação; naturalidade fluindo entre sorrisos, olhares e todas as barreiras que criamos para nos manter distantes por tanto tempo. Mesmo sob ameaça ele reforçou tudo que havia acabado de dizer e tudo que seguiu só fez meu rosto se fechar aos poucos. Meus últimos seis meses aos poucos se tornaram opacos, como se as cores se extinguissem e aos poucos eu conseguisse ver que estive preso em uma realidade alternativa qualquer, mas que definitivamente não era minha realidade. Foi como acordar de um sono de dez anos e a primeira coisa que vislumbrei ao abrir os olhos foram os olhos escuros dele.
— Eu esperei por você. Passei quase esse tempo todo te esperando. — Voltei os cotovelos para a mesa esfregando os olhos para evitar olhá-lo nos olhos. — Os últimos seis meses da minha vida estão agora escorrendo pelas minhas mãos como areia. Porque você apareceu. — Sorri sem jeito agitando a cabeça negativamente. — Nove anos depois e você ainda tem o mesmo poder sobre mim. Injusto. — As imagens de todos os meus desenhos folheiam em minha mente; retratos dos momentos que vivemos e dos que queria viver com Daniel, engrafitados e até em aquarelas registrados em folhas não mais brancas. Todos eles, um a um, deslizaram em minha mente e um último desenho se aproximou tanto que pensei que fosse cobrir meus olhos por dentro. Era o que havia feito para Nicholas. Não se comparavam aos outros em cores e detalhes, mas havia sido o último que eu havia feito. Uma tentativa de seguir em frente que claramente estava prestes a falhar. — Eu pensei que nunca mais veria você. Eu… estou na mansão Malfoy porque… eu estou fazendo companhia pra uma pessoa que conheci. Meu… namorado, Danny. — As palavras saíram meio pesadas, como se não quisessem dizê-las, mas eu precisava contar a ele. Nunca houve mentiras entre nós. Não começaria agora.
Re: XX - I don't have to be straight with you [PT. 2]
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Ter Mar 16, 2021 6:18 pm por Daniel Chang
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Dom Fev 28, 2021 10:04 pm por Nicholas Whart Delacour
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