A dor de cabeça é infernal. Seu rosto está um pouco inchado, mas já está acostumado com essa rotina, não é? As irises escuras analisam o teto diante si e um suspiro pesado sai de seus lábios no instante em que vira seu rosto e vê o relógio indicando que já é sete horas da manhã. “Porra.”, é a única coisa que diz.

Senta-se na cama e olha ao lado. A moça está ali, totalmente nua. Seu corpo é belo, isso é algo que jamais negaria. A pele bronzeada combina perfeitamente com os belos cachos escuros que escorrem pelos lençóis claros e que são responsáveis por esconder uma parte dos seios da mesma.

Levanta-se lentamente e caminha até o próprio banheiro, onde faz suas necessidades básicas – incluindo um breve banho de ducha quente. Assim que termina, vai até o guarda-roupa, onde veste um terno. Já está acostumado com estas malditas convocações, mas isso não o impede de continuar irritado. Odeia perder seu tempo, principalmente em ficar indo ao Ministério da Magia para explicar posições que podem ser executadas em cima de uma vassoura, qual a melhor forma de se passar despercebido por um trouxa e por aí vai.

Desta vez, o nível “sortudo” foi o responsável pela parte da obliviação.

– Vai me deixar aqui, sozinha? – A voz faz com que Hell vire o seu rosto em direção a mesma. A mulher está totalmente nua e com um sorriso matreiro em sua face – diferente do rapaz, que não possui qualquer expressão. “Não. Você está vazando.”, responde tranquilamente. Tal frase é responsável por deixar a moçoila boquiaberta e soltar um “oh” que demonstra sua irritação. – Babaca. – Ela fala enquanto se veste e, no instante em que ela está saindo do quarto, Hellioth solta um assovio baixo, chamando a atenção da mesma.

“Tenho certeza que logo você volta pra rola desse babaca.”, esse foi o único momento do diálogo em que demonstrou uma emoção – o deboche em seus lábios que formaram um sorriso sarcástico.

A desconhecida desaparece em seguida e, após isso, o batedor termina de se arrumar.

Vai até o espelho de seu banheiro e, uma última vez, penteia seus cabelos.

Ato contínuo, desaparata para o Ministério da Magia. A quantidade de pessoas que se movimenta pelo átrio é imensa. Olha ao redor e caminha até o local onde normalmente é atendido – só que, dessa vez, o funcionário resolveu bater papo. Hellioth solta um suspiro pesado e pigarreia. “Vão me atender ou não?”, o timbre demonstra sua rispidez de imediato.

O homem me olha de imediato e o rapaz com quem ele conversava faz o mesmo. Baixo, olhos claros, cabelos escuros. Aparência comum. Desvia seus olhos para o indivíduo que é responsável pelo atendimento e arqueia a sobrancelha esquerda, demonstrando seu contentamento. “Então... ?”, cruza os braços e encara o rosto do funcionário de forma fixa – mas logo desvia para o doido que sai correndo. Revira os olhos e foca sua atenção no trabalhador que fica para trás.

“Eu preciso ir para a central da obliviação.”, é a única coisa que diz para o mesmo e logo é guiado até o local.

Seus passos são lentos e, antes que ultrapasse a suposta entrada, dá uma breve arrumada em seu terno. “Licença. Aqui é a central de obliviação?”, indaga enquanto adentra o recinto e dá de cara com o mesmo maluco de antes. Novamente, arqueia a sobrancelha ao ouvir o pedido do rapaz.

“Chega, hm?”, o franzir do cenho de Hellioth é acompanhado de um suspiro pesado. “Só preciso saber se é aqui que cuidam das questões interligadas a obliviação, caramba.”, nesse instante, um pouco de sua ira é exposta, seu maxilar trinca no final e seus punhos se fecham. A vontade de pular contra o outro e desferir vários golpes em seu rosto é imensa – mas desmancha no momento em que ele explica que está falando sobre a papelada.

“Ah, tá.”, suspira de forma pesada e passa a língua entre os próprios lábios, que são umedecidos de imediato. “Prefiro ficar em pé.”, estreita o olhar e solta uma risada nervosa na tentativa de disfarçar seu... Desprezo. “Com quem posso falar para responder os questionamentos sobre voos e para explicar estas questões técnicas?”, indaga de imediato.

“Ah, e não me apresentei. Hellioth, Hellioth Crawford.”, estica a mão direita, esperando que o outro o cumprimente.

O silêncio reina no ambiente – parece durar uma eternidade. A mão de Hell continua ali, içada para a frente, esperando algum cumprimento por parte do outro. Vários xingamentos passam por sua mente, além de teorias diversificadas. Será que o rapaz é meio mongoloide? Não... O Ministério da Magia não contrataria alguém assim. Ou será que está errado?

A outra teoria é de que ele, talvez, possa ter algum déficit de atenção ou algo do gênero, pois o rapaz é muito lento.

Estreita os olhos por alguns instantes e os deixa percorrer pela enorme quantidade de pastas e papéis que estão no ambiente. Nunca se imaginou trabalhando no Ministério da Magia. Só de pensar em ficar enclausurado em uma dessas salas por horas, chega a passar mal – prefere poder, prefere liberdade, prefere algo rápido: o quadribol foi, e ainda é, sua escapatória.

O rapaz finalmente o cumprimenta e então logo se põe a sentar. Solta um suspiro pesado e dá mais uma olhada em todo o ambiente.

Seu coração acelera de súbito quando um rapaz adentra o local silenciosamente, mas ele faz um alarde infernal. Mais uma vez, estreita os olhos e observa os dois ministeriais dialogarem. Faz um sinal negativo com a cabeça quando o outro indaga se deseja café. “Não, muito obrigado.”, a resposta é seca e o desgosto é visível em sua face. Só quer fazer o que tem de fazer e vazar – qual a graça de ficar aqui, sentado numa cadeira dentro de uma sala apertada?

Nenhuma!

Neste instante, poderia estar fodendo com alguma menina gostosa, mas nãããão – está preso com um marmanjo pancado!

O ministerial que estava falando com Archie sai e, subitamente, o som de trovões se espalha por todo o ambiente. Seu olhar voa até uma das papeladas e logo trinca o próprio maxilar. Está tremendo – as canetas, os documentos, a própria mesa. Os estrondos parecem adentrar seus tímpanos, como se, nesse instante, estivesse passando por um teste. “Não tem como acabar com isso?”, seu maxilar está trincando, por isso sua frase sai de forma baixa, o outro não o escuta.

O destino, porém, é mais generoso.

Archie utiliza de um feitiço para reduzir o som e isso, involuntariamente, faz com que o maior solte um suspiro de alívio – mas as tempestades ainda são irritantes. “Que trabalhinho complicado, hm?”, um sorriso amarelo aparece em seus lábios e para piorar, ainda há a expressão facial que demonstra desgosto.

Se pudesse, daria um murro bem no meio do rosto do Archie. Está estressado, está sendo irritado, está num lugar que odeia e está desacompanhado de algo que goste (mais especificamente de um corpo feminino). Vê o homem ir até a porta e então arqueia a sobrancelha esquerda ao escutá-lo.

Ele não tem senso..., solta uma risada baixa e debochada para que somente ele possa ouvir.

Como o rapaz tem coragem de deixar no ar a infidelidade de seu colega? Será que consegue descobrir quem é a companheira do indivíduo que criara os trovões? Passa a língua entre os próprios lábios e um olhar malicioso surge na face do mesmo. Ah, sim, seria uma coisa incrível – o caos se espalharia rapidamente, mas, infelizmente, este não é o seu foco. Não agora.

Assim que o outro regressa, continua em silêncio. Escuta-o atentamente e então respira fundo. “É... A morte da Ministra foi uma coisa triste. Era uma bela mulher.”, o comentário demonstra certa tristeza, todavia, não passa de uma encenação. “Com certeza, deve ter morrido desgostosa em ter uma sapatona como Auror-Chefe naquela época.”, simplesmente dá de ombros ao terminar de falar.

“Primeiro, pode parar com esses...” trovões, eles finalmente desaparecem.

Hellioth pigarreia. “Enfim, ér... Não. Não quero leite, nem açúcar. Vim aqui para ajudar sobre a explicação de vassouras. Como funcionam, manobras e coisas desse gênero. Pra facilitar na hora da obliviação e não deixar alguma memória para trás.”, as palavras do homem saem de forma mansa e tranquila, seu rosto não transpassa qualquer emoção.

“Disseram que era para comparecer aqui, no entanto, não me indicaram a pessoa correta. Pediram para mostrar na prática, é mais fácil para a mente do obliviador. Você tem alguma vassoura ou podemos marcar uma reunião em algum campo de quadribol. Podemos entrar em contato com o responsável em Hogwarts para emprestar o lugar para estudarmos sobre.”, a explicação é perfeita, afinal, é completamente apaixonado por sua profissão – e por vassouras, Hellioth as ama, motivo pelo qual tem a de última geração!

“O que prefere? Podemos...”, eleva seu pulso direito um pouco para cima. “hoje eu estou livre na parte da tarde. Amanhã fico livre o dia inteiro. Depois de manhã é a mesma coisa de hoje. Qual dia e horário prefere?”, abaixa seu braço e foca sua atenção no rosto do outro rapaz.