NC+18 - The wolf and the Lamb [RP FECHADA]

 Talvez fosse cedo demais nomear o sentimento que estava surgindo quando o assunto era Dominic. Mas o sentimento era real, fazia o coração do mesmo acelerar e tinha a sensação de borboletas voando em sua barriga. Era fácil para o loiro sorrir na presença do oriental ao mesmo tempo que havia agido sem pensar em nenhuma consequência.

Era visível que o mesmo estava tendo alguma coisa que não havia falado à Nicholas. Ele tremia, o som que parecia rasgar sua garganta era gutural, animalesco. Sua cabeça em si estava rodando e doendo por todas as vozes que gritavam em uníssimo para que se afastasse o mais rápido que pudesse, mas ele não queria sair dali.

Fechou os olhos e apertou o corpo de Dominic ainda mais contra o seu, seus dedos afundando contra os cabelos escuros e úmidos de suor ao mesmo tempo que o cheiro do sangue do mesmo adentrava sua respiração. Ele queria que o mesmo soubesse que estava tudo bem, que ele estava ali. E ele não sairia de perto, por nada que acontecesse.

Está tudo bem, respira.

Ele sussurrou, encostando a testa contra a do mais velho e segurando o rosto do mesmo para que ele o fitasse. Talvez naquele momento, ser meio-veela fosse uma dádiva, e era isso que o estava fazendo falar tão docemente para o mesmo enquanto afagava seu rosto com os polegares e roçava a ponta de seu nariz contra o mesmo, seu hálito suavemente afagando o rosto sofrido do mesmo antes de o selar.

Respira fundo, me ajuda a contar até dez, pode ser?

 Ele praticamente podia sentir toda a dor e toda a insegurança que o outro guardava em si, era visível só pela forma que seu rosto se retorcia enquanto tentava segurar as lágrimas e por fim sentiu as mesmas caírem, a princípio, de forma lenta até ficar desencadeado e molharem suas coxas até o momento em que as mãos do mesmo se fecharam contra seus ombros, chegando a machucar levemente sua pele e no segundo seguinte ser empurrado contra o chão, o terreno arranhando e causando pequenos cortes e suas costas e mão com o ralado.

Ele se encolheu brevemente, os olhos se enchendo de lágrimas com o que ele ouvia a cada segundo mais, ao mesmo tempo, sua cabeça parecia prestes a explodir com as vozes voltando a gritarem cada vez mais alto, mas pela primeira vez ele queria e desejava acima de tudo que elas se calassem totalmente - embora só a força de vontade não fosse o suficiente.

Você acha que só você tem problemas, Ealer? Acha que o mundo é um perfeito paraíso pra mim por ser francês ou Delacour? Ele se levantou, visivelmente irritado, os punhos cerrados enquanto tentava cada segundo mais se conter naquela clareira, pela primeira vez, não temendo o que um surto poderia causar, era o que uma vez havia lido em uma História em Quadrinhos: ”Basta um dia ruim para um homem são ficar louco.” E naquele instante, era seu momento ruim, juntamente à Dominic que parecia prestes a arrancar a cabeça do loiro. Vou te contar um segredo então, Ealer. Quando você é um Delacour, é esperado que você seja perfeito, ah sim, senhor. Um verdadeiro lorde, quase um manequim para se moldar as mais diversas situações, sorrir e acenar aos flashes, à reputação. Mas quando você é louco, quando você tem vozes na sua cabeça, as pessoas te temem, sabia? Homens, mulheres, qualquer um que se aproxima de mim eu automaticamente acredito que seja apenas por ser um monstro. Ah, eu sou um monstro, uma bela rosa envenenada que encanta, fascina mas depois assusta e acaba pisada. É isso que eu sou.

Ele suspirou, o corpo meio curvado enquanto as mãos tremiam tanto que mal conseguiria segurar a própria varinha para salvar a própria pele se fosse necessário, então primeiro veio as lágrimas, para cada vez que sentiu que as pessoas se aproximavam dele apenas por dó ou pela maldição de ser meio-veela, onde sempre vinha a insegurança se a maior partes das amizades e afinidades que tinha era por conta disso ou se eram reais, então em um rompente de vozes, o primeiro soco acertou a lateral de sua cabeça com força, o fazendo soltar um ganido alto de dor antes do outro punho acertar a outra lateral, os dedos logo adentrando os cabelos e se fechando contra eles antes de puxar, causando mais dor e grito. Suas pernas fraquejaram e ele caiu de joelhos contra o chão sem se importar com os cascalhos lhe machucando. Abraçou em seguida o próprio corpo e fincou as unhas contra a própria pele, rasgando a mesma com a pressão exercida.

Benjamin, Brianna, Marvel… Tantos outros que você conhece e que me apresentou na festa, pareciam pouco se foder para você ser um lobisomem, Lúthien percebeu o quanto eu pareço mais feliz e isso se dá por sua causa. Falava tão apressadamente que acabou mordendo a própria língua, o gosto do sangue preenchendo seu paladar. Eu não falo que será fácil. Cara, não é, nada no mundo é fácil, mas… Vale a pena desistir? Eu nem penso em voltar pra França desde que te conheci.

Ele então se soltou, caindo deitado contra o chão do bosque, se encolhendo dolorido, frágil de uma maneira que nem mesmo Aidriam o tinha visto - ou teria largado ele a muito mais tempo - mas era a verdade. Ele não tinha nem mesmo sequer cogitado voltar para a seu país, a única coisa que ele mais queria era…

Te conhecer. Ele sussurrou, chorando e com a voz quase inaudível. A única coisa que eu mais tenho pensado é em te conhecer.