Encontro Perfeito - Benjel

Ainda me recordo das histórias de amor que meus pais me contavam.

Grandes castelos, princesas aprisionadas e então eis que, subitamente, surge um príncipe para salvá-las. Oh, grande galante, que cavalga em seu cavalo e, dias depois, salva sua amada. Um beijo e puff! Seus destinos estão selados. São histórias lindas e que, infelizmente, fazem você acreditar em um amor tolo – algo inexistente. E isso é frustrante. Lembro-me de aguardar alguém para me salvar. Poderia ser uma princesa, um príncipe, tanto faz.

No entanto, como já expliquei, fiquei frustrado. Essa situação piorou mais ainda quando Benjamin começou a namorar Atticus. Ainda me lembro de escrever nossos nomes dentro de um coração improvisado, de observá-lo nas aulas de quadribol e, sim, eu sei que é errado um menor de idade ficar olhando para um homem mais velho, mas eu não controlo minhas emoções, muito menos minha carne.

Meus passos são tranquilos, embora meu coração pareça estar quase saindo pela minha boca. Eu sei que não é nada correto sair no meio do serviço para comprar um anel – mas, por sorte, usei uma pequena mentirinha e disse que logo voltaria. Meus olhos percorrem as lojas e então arqueio a sobrancelha esquerda ao ver a pequena vitrine repleta de anéis. Apesar de sequer ter uma placa indicando o nome da estrutura, o seu interior é belo.

Paredes brancas, vitrines com uma quantidade imensa de acessórios e um chão preto, repleto de desenhos greco-romanos.

Abro a porta e logo sou atendido por uma mulher bem bonita. Fios dourados, olhos claros e pele delicadamente bronzeada. O vestido claro faz com que a mesma combine com o ambiente. “Bom dia, senhor. O que deseja? Sou Clarissa e estou aqui para te ajudar.”, a mesma oferta um sorriso gentil que, sem hesitar, correspondo.

“Eu preciso de um anel. Vou pedir um rapaz em namoro.”, explico e sinto minhas bochechas queimarem de imediato. Por que diabos é estranho falar sobre este assunto sem corar? Parece que, por algum motivo, tenho algum bloqueio neste “tema”. Por que diabos? Não sei. Desde pequeno, recebi amor de meus pais. Tive alguns amigos em Hogwarts, também. No entanto, tudo mudou quando assumi o sobrenome da minha família – e as pessoas passaram a me olhar de maneira estranha.

Clarissa sorri, gentilmente, e faz um aceno com a cabeça. “Temos várias opções. Me acompanhe.”


“Ok... Você está bonito, Marvel. Relaxe.”, acho que repeti essa frase umas trocentas vezes enquanto respirei fundo – agora eu preciso, urgentemente, retomar o controle, não entrar em pânico, porque eu tenho um gatinho para buscar! Antes de ir embora, pego a caixa com o anel e enfio no bolso.

Após isso, desaparato até a mansão Malfoy.

Sou recebido por um elfo, que diz que Benjamin logo está vindo. “Obrigado.”, é a única resposta que consigo dar, pois estou nervoso. Meu coração parece sair pela boca, o frio na barriga é terrível. “Respira, Marvel, respira.”, sussurro para mim mesmo e ergo a cabeça por alguns instantes, analisando o céu repleto de estrelas.

Será que estou sendo apressado? Será que ele não vai achar estranho? E se Atticus resolver aparecer e ambos começarem a namorar? Ah, maldita insegurança, no entanto, ela existe com razão. Quem garante que Benji continuará comigo quando Snape resolver entrar em contato com ele?

Escuto alguns passos e então direciono minha face em direção ao mesmo e... Puta que pariu. Benjamin “está lindo...”, estou boquiaberto. Sinto minhas bochechas queimarem por alguns instantes e sorrio de canto.

O elogio retorna da mesma forma para mim, o que me faz sorrir maliciosamente. “Seu sem criatividade.”, as minhas palavras saem de maneira lasciva e provocadora, entretanto, há um tom de brincadeira.

Analiso seus movimentos e, enquanto isso, analiso seu corpo. “Ok... Nós dois somos lindos.”, falo descontraidamente, mas me calo ao ser puxado para bem perto do mesmo. Seu cheiro delicioso penetra minhas narinas e então não consigo conter o suspiro de alívio. Minhas pernas parecem estar um pouco bambas, meu coração continua acelerado.

Esse homem é tão perfeito, estou entre seus braços e parece que o mundo é totalmente nosso – podemos ir para onde quisermos.

Nossos lábios se tocam por alguns instantes.

Distanciamos por alguns instantes e então um sorriso nervoso preenche meus lábios ao ouvi-lo. “Presente, hm?”, arqueio a sobrancelha esquerda. Benji é um homem charmoso, isso não posso negar – o único período que ele ficou um pouco apático foi durante o seu luto, afinal, perder amigos é uma coisa terrível, imagino o quão chateado ele deve ter ficado (ok, confesso que fiquei abalado com Gael, mas nem tanto).

Abaixo meus olhos por alguns segundos, pegando a sacola. Analiso a mesma atentamente, mas ergo a cabeça em seguida, ao ouvir a explicação em um sussurro delicioso. Nem preciso dizer que arrepiei todinho, né? Estou boquiaberto, óbvio. “Seja lá quem fez esses bombons, arrasaram. Quero o endereço.”, essa foi a forma de dizer “obrigado”, visto que estou nervoso demais pra dizer o agradecimento sem tagarelar.

Semicerro as pálpebras quando o maior oferece o braço e me aproximo, entrelaçando ao do mesmo. “O que estamos esperando? Não vamos desaparatar?”, indago, todavia, neste mesmo instante, o mesmo guia até um esportivo – e, pois é, estou boquiaberto, mais uma vez.

“Benjamin Malfoy...”, o espanto fica claro ao falar diante o mesmo. “eu te amo.”


Sinto sua mão contra a minha. Correspondo a carícia e, por dentro, sinto uma alegria imensa em meu interior. Será que vamos ficar juntos para sempre – ok, sei que é algo muito adolescente, mas foda-se – ou será que iremos nos separar mais uma vez? Destino, se você estiver lendo isso, torne nosso relacionamento seja eterno ou que, no mínimo, tenhamos um pequeno infinito.

“Chegamos.”, falo com certa animação ao ver o Outback. Sorrio divertidamente e o mesmo abre a porta para mim. “Obrigado, senhor Malfoy.”, a minha voz parece um ronronar misto de formalidade, mas logo solto uma risada baixa.

Fomos até a responsável pelas reservas – e então somos guiados até a mesa. “Que vista é essa?”, indago, com os olhos arregalados, enquanto me sento na cadeira diante o loiro. Cada detalhe do relógio londrino é magnífico. Não consigo conter o sorriso e, em seguida, viro meu rosto para Malfoy.

“Obrigado, Ben.”, agradeço. “Essa foi a surpresa mais linda que alguém fez pra mim”, estico minhas mãos e seguro a do mesmo. “e é por isso que eu te amo. Muito.”, a palavra de amor sai com certa facilidade e, subitamente, todo o peso que tomava conta do meu coração parece desaparecer.

O outro repete a mesma coisa e não consigo conter o suspiro – tanto de alegria quanto de alívio. Meu coração está acelerado e, creio eu, minhas mãos devem estar muito geladas devido ao nervosismo. Nunca estive tão acostumado com tanto carinho, exceto quando estava com minha família.

Após isso, foi só ladeira abaixo.

O rosto do loiro se aproxima e não consigo conter o sorriso bobo. Rio ao mesmo tempo que ele ao ouvi-lo e reviro os olhos. “Vamos, estamos parecendo dois patetas.”, faço uma careta.

Escolhi o mesmo que Benjamin – assim que o chopp chegou na mesa, passei a língua entre os lábios e lancei um olhar para o mesmo. “Hoje você tem que cuidar de mim.”, o deboche é visível em meu tom de voz, mas logo ponho-me a rir. “Vou tentar me controlar.”, minto o melhor o possível – a bebida me atrai, parece estar me chamando, mas, por sorte, Benji está aqui, bem perto, para cuidar de mim.

Vez ou outra, olhava para Malfoy – ele está estranho. É, pelo visto, nós dois estamos esquisitos esta noite.

O jantar foi tranquilo, trocamos carícias e conversamos sobre várias coisas – e é claro que não consegui conter minha língua, essa é uma das vantagens de estar próximo de Malfoy: ele não fica me contendo (ok, chama a atenção uma vez ou outra, mas eu finjo demência). Já nos imaginava juntos durante anos e, finalmente, aqui estamos, comendo na presença um do outro, agindo como um casal.

A caixa com o anel parece queimar no bolso da minha calça, mas este não é o momento ideal e...

“O que é isso?”, franzo o cenho quando chega uma sobremesa em nossa mesa. Lanço um olhar para Malfoy, depois para o garçom. Quando estou prestes a abrir a boca, o pigarreio do outro me faz voltar a olhá-lo. “Benji? Você está bem?”, tenho certeza que devo estar mais pálido com o normal, surpreso com a coloração da pele do outro, que demonstra certo nervosismo.

Ao ouvi-lo, fico boquiaberto. As palmas se iniciam ao nosso redor e eu não consigo conter minha risada. “Meu deus, meu deus! Espera!”, continuo rindo e sinto minhas bochechas queimarem. Levo minha mão direita até o bolso – e levo alguns segundos para retirar a caixa devido ao nervosismo, e então mostro o acessório para Benjamin.

“Claro que quero namorar contigo! E você, aceita namorar comigo?”, a minha risada continua – o nervosismo é visível.